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Países do sul da África atingidos por ciclone enfrentam duros desafios

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Por Jeffrey Moyo

CHIMANIMANI, Zimbábue (IDN) – O ciclone continuará a afetar a região durante os próximos meses após ter prejudicado os principais meios de subsistência da pesca e da agricultura em uma região predominantemente rural, disse o Programa Mundial de Alimentos (PMA) sobre o caos provocado pelo ciclone Kenneth que atingiu Moçambique em 25 de abril, aproximadamente cinco semanas após o ciclone Idai açoitar o sul da África.

Cerca de 31.000 hectares (76.600 acres) de plantações foram perdidos no auge da época de colheita. “A área já é muito vulnerável à insegurança alimentar,” afirmou o porta-voz Herve Verhoosel.

Em 28 de abril, o porta-voz do Secretário-geral das Nações Unidas António Guterres disse que o Secretário-geral estava “profundamente entristecido” com os relatos de perda de vidas e destruição em Moçambique e Comores após a passagem do ciclone Kenneth. Ele fez um apelo à comunidade internacional solicitando “recursos adicionais, os quais são extremamente necessários para financiar a resposta a curto, médio e longo prazo.”

Anteriormente, no Zimbabué, o ciclone Idai – que arrasou países do sul da África como Moçambique, Malawi e Zimbabué na noite entre 14 e 15 de março de 2019 – deixou a senhora Murambi, de 57 anos, sem um campo para cultivar suas plantações, mesmo com o próximo período de colheitas se aproximando. “Para mim, foi o pior dano. Perdi um marido por causa do ciclone. Também perdi os campos nos quais costumávamos cultivar nossas plantações,” disse ela ao IDN.

No Malawi, os piores momentos assolaram muitos como a senhora Agness Banda, de 71 anos de idade. “Eu sou a única da minha família que sobreviveu. Minha casa foi destruída, toda a minha família também foi destruída e tudo o que nos pertencia foi destruído pelo ciclone,” relatou Banda ao IDN.

“Os efeitos da mudança climática atingiram proporções catastróficas na nossa região; ciclones como o Idai é uma delas,” afirmou Adias Muluzi, um especialista em mudanças climáticas de Blantyre, a segunda maior cidade do Malawi.

Para Moçambique, que está lutando arduamente para superar os impactos das mudanças climáticas de dois ciclones tropicais, seria preferível contar com um pouco de colaboração, como diz a ministra da Saúde do país, Nazira Abdula: “mitigar os impactos negativos das mudanças climáticas requer esforços em conjunto de vários setores do governo, dos nossos parceiros e da sociedade em geral.”

Com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Moçambique tem se esforçado para integrar a redução do risco de desastres e componentes de adaptação climática em setores como a agricultura, educação, saúde, infraestruturas e energia.

No Zimbábue também, o PNUD e parceiros têm implementado o Fundo de Construção de Resiliência do Zimbábue, o qual fornece a base de evidência para a elaboração de políticas de resiliência, reforça as capacidades de resiliência das comunidades em risco e oferece uma resposta eficaz e econômica a emergências através das redes de segurança existentes e de outros programas relevantes.

Mesmo no Malawi, o PNUD, com o apoio do Fundo Verde para o Clima, está fornecendo previsões meteorológicas corretas e aumentando os sistemas de aviso prévio nas comunidades para 75% dos distritos, beneficiando, assim, dois milhões de pessoas.

Juliette Biao, diretora regional da ONU Meio Ambiente para a África, enfatizou também a necessidade de um maior e mais urgente investimento na redução de riscos de desastre baseada nos ecossistemas e na adaptação às mudanças climáticas para reduzir o custo humano e financeiro dos desastres naturais.

“A gestão ambiental responsável, os impactos das mudanças climáticas e as respostas aos desastres estão intimamente ligados e exigem uma abordagem mais sistemática e abrangente para a gestão de riscos de desastre,” afirma Biao.

Joseph Tasosa, diretor do Zimbabwe Environmental Trust está convencido da necessidade urgente de “pensar numa melhor sensibilização e em mecanismos de preparação para situações de emergência que reforcem a resiliência das comunidades locais aos efeitos devastadores das alterações climáticas.”

No contexto do Quadro de Sendai para a Redução do Risco de Desastres (2015-2030), a ONU Meio Ambiente desenvolveu a Segunda Edição do Manual de Consciência e Preparação para Emergências a Nível Local (APELL). Lançada em 2015, esta nova edição destaca a importância de uma abordagem integrada de múltiplos riscos a nível local e enfatiza a importância do envolvimento de múltiplas partes interessadas, além de toda a sociedade.

Além disso, o Gabinete das Nações Unidas para a Redução dos Riscos de Desastres, num relatório de 2018, sublinhou o impressionante impacto financeiro causado pelas catástrofes relacionadas com o clima. De acordo com o relatório, “os últimos vinte anos viram um aumento dramático de 151 por cento em perdas econômicas diretas devido a catástrofes climáticas.”

Mami Mizutori, a Representante Especial da ONU para a Redução de Risco de Desastres, declarou: “O Ciclone Idai é uma demonstração clara da exposição e vulnerabilidade de muitas cidades e vilas baixas à subida do nível do mar, ao mesmo passo que o impacto da mudança climática continua a influenciar e perturbar os padrões climáticos normais.”

“Os impactos da mudança climática como o ciclone Idai serão cada vez mais sentidos e, à medida que avançamos, os impactos serão mais fatais; o pior ainda está por vir,” afirmou ao IDN Happison Chikova, especialista independente em mudança climática do Zimbábue.

Mesmo para especialistas em meteorologia como Chimango Simengwa, do Malawi, “o aumento das temperaturas mundiais, juntamente com o aquecimento dos oceanos, está causando ciclones tropicais.” Temperaturas do ar mais quentes significam que mais chuvas são retidas e depois liberadas através de ciclones como o Idai, diz Joseph Tasosa, do Zimbabwe Environmental Trust. “O ciclone Idai trouxe uma quantidade de chuva esperada para um ano num curto espaço de tempo,” acrescenta Tasosa.

Neste contexto, os observadores recordam que, na décima sétima sessão da Conferência das Partes (COP 17) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) em Durban, as nações ricas do mundo comprometeram-se a aumentar a ajuda para 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático restaurativo às nações mais pobres até 2020. No entanto, apenas 10% do financiamento para as alterações climáticas foi assegurado até agora. [IDN-InDepthNews – 01 de maio de 2019]

Foto: O ciclone Idai afetou a vida e os meios de subsistência de quase três milhões de pessoas em Moçambique, Zimbábue e Malawi. Créditos: PNUD Zimbábue

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